Pesquisadores do Departamento de Ciências do Solo solicitam pedido de patente ao INPI
Data da publicação: 30 de março de 2023 Categoria: Sem categoriaPedido de patente ao INPI – Modelo de Utilidade
Produto à base de carbono – obtido de resíduo da cajucultura – como condicionador físico de solos com caráter coeso
Pesquisadores do Departamento de Ciências do Solo/Programa de Pós-graduação em Ciência do Solo da Universidade Federal do Ceará, em parceria com pesquisadores do Departamento de Física/Programa de Pós-graduação em Física, também da mesma Universidade, solicitaram o registro de patente de uso para biocarvão de bagaço de caju. O pedido descreve a aplicação de biocarvão produzido de bagaço de caju como condicionador físico de solos que apresentam caráter coeso em algum de seus horizontes. O caráter coeso surge na formação de alguns solos e dentre os fatores que contribuem para sua ocorrência está a presença de compostos amorfos sílico-aluminosos.
Solos com caráter coeso são encontrados nos Tabuleiros Costeiros, onde há parcela significativa da população desenvolvendo atividades agrícolas de relevância econômica, como a fruticultura e a pecuária. Como esses solos apresentam-se adensados e podem variar de muito duros a extremamente duros quando secos, resultam em restrições físicas ao crescimento de raízes e desenvolvimento de plantas. Assim, surgiu a ideia de avaliar biocarvões – materiais carbonáceos funcionais, na melhoria desses solos.
Para aferir o caráter inovador da proposta, amostras de solo com estrutura não preservada foram coletadas em horizonte com caráter coeso de um Argissolo. Para avaliar alterações nos atributos físicos do solo em condições de laboratório, foram testadas doses de biocarvão obtido de bagaço de caju correspondentes a 0, 5, 10, 20 e 40 toneladas por hectare.
As amostras de solo foram submetidas a ciclos de umedecimento/secamento, a fim de possibilitar a manifestação do caráter coeso. Posteriormente, foram avaliados os seguintes atributos: densidade, porosidade, permeabilidade ao ar, resistência à penetração e resistência tênsil de agregados/torrões. Também foi avaliada a adsorção de silício pelo biocarvão para constatar se o material carbonáceo contribui com a redução de um dos fatores que colabora com a ocorrência do caráter coeso no solo estudado.
Ao avaliar a densidade, porosidade e permeabilidade do solo ao ar, constatou-se que o biocarvão de bagaço de caju melhorou as condições do solo para uso agrícola, reduzindo a resistência mecânica do solo ao crescimento de raízes e a força necessária à ruptura dos agregados/torrões em comparação ao solo em que não foi aplicado o biocarvão, indicando o efeito mitigador do material carbonáceo sobre as forças coesivas no solo. Foi constatado também que o biocarvão de bagaço de caju tem o potencial de adsorver ácido silícico e, por consequência, atuar como mitigador da coesão já estabelecida em solos.
A pesquisa foi orientada pelo Professor pesquisador Jaedson Mota, do Departamento de Ciências do Solo do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, como parte da tese de doutorado do estudante Ícaro Nascimento, e é fruto do financiamento pelas seguintes agências: 1) FUNCAP (Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e SEDET (Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado do Ceará), por meio de subprojeto vinculado ao Cientista-Chefe Agricultura “Condicionador de solos obtido de resíduo agroindustrial para uso nas condições edafoclimáticas do Nordeste brasileiro”, coordenado pela Professora pesquisadora Mirian Costa, do Departamento de Ciências do Solo do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará; 2) FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), via projeto “Biochar – Produção de materiais carbonáceos funcionais obtidos a partir de resíduo agroindustrial: uso como condicionador de solos no nordeste brasileiro”; 3) FUNCAP (Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico), via projeto “Design racional de nanomateriais e aplicações em remediação ambiental, agricultura e saúde”; 4) SisNano/MCTI/CNPq por meio do projeto Central Analítica em Técnicas de Microscopia Eletrônica e Óptica; 5) CAPES (Coordenação de Apoio ao Pessoal de Nível Superior), via bolsa de estudos a pós-graduando; 6) CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), via bolsa de Produtividade em Pesquisa a pesquisadores.
Fonte: Professor Jaedson Mota.